Durante o sono e dependendo da posição do corpo, a saliva pode escorrer para o travesseiro — a famosa “baba”. Apesar de comum, ela pode estar relacionada a problemas mais sérios, já que o ideal é respirar pelo nariz mesmo em repouso. Se mesmo com a escolha do travesseiro correto o indivíduo continua “babando”, talvez seja hora de procurar por um otorrino.

    Por ser um fato tão comum, pode-se achar que não há problemas. Mas dormir de boca aberta facilita a proliferação de micro-organismos, o que pode causar infecções. O problema é que as redes sociais dizem exatamente o contrário: babar durante o sono seria a comprovação de que o indivíduo descansou. Então, o que fazer?

    Entenda por que o corrimento de saliva durante o sono é prejudicial.

    Fato ou fake?

    Em meados de 2021, correu pelas redes sociais uma publicação que afirmava que a baba no travesseiro era, na verdade, algo positivo, pois indicaria que o indivíduo está em completo repouso, respirando corretamente e, consequentemente, evitando apneia. Isso, porém, é uma inverdade: não há nenhuma comprovação científica que relacione um fato a outro. Além disso, respirar pela boca até que a saliva escorra é considerado um “erro” fisiológico e clínico.

    O ideal e correto é a respiração nasal — o nariz é o órgão específico do corpo para receber e purificar o ar inspirado pelo corpo tanto acordado quanto em repouso. Além disso, durante a noite, a produção de saliva diminui, o que não justificaria uma produção grande o suficiente para que ela escorra no meio do sono.

    Causas

    Diversos fatores podem resultar no ato de babar, já que atrapalham o selamento correto dos lábios. Alguns são:

    • maus hábitos de infância, como uso prolongado de chupeta e mamadeira;
    • alterações na musculatura da orofaringe (garganta);
    • obstrução das narinas ou adenoides;
    • língua maior do que o normal;
    • adenoides aumentadas;
    • má oclusão dentária;
    • má formação óssea;
    • desvio de septo.

    Quando a boca está aberta, a língua — que inicialmente fica encostada no céu da boca — acaba relaxando. Com isso, sua base vai mais para trás, obstruindo a passagem de ar e causando o ronco. 

    A respiração bucal é, na verdade, uma hipotonia (diminuição do tônus muscular), que geralmente está associada a alguma obstrução e, eventualmente, à apneia. Portanto, quem baba ou ronca precisa fazer uma investigação clínica.

    Alterações anatômicas

    Quando a pessoa tem uma alteração na anatomia — desvio de septo, por exemplo —, é natural que ela respire pela boca, já que a passagem de ar pelo nariz pode não ser suficiente. 

    Nos outros casos, porém, a respiração bucal está mais relacionada a maus hábitos. O problema é que ela também pode favorecer o surgimento de alterações anatômicas, principalmente durante a infância.

    A pressão do ar que passa pela cavidade nasal favorece o palato duro (céu da boca) a crescer de forma mais reta. Quando a criança dorme de boca aberta, o palato não recebe tanta pressão, e acaba ficando mais profundo. Portanto, apenas o hábito de respirar influencia o posicionamento da língua, o crescimento de mandíbula e maxila, além do tônus da toda a musculatura facial e cervical.

    Lábios rachados

    Além disso, a respiração bucal resseca os lábios, pois a boca não é tão irrigada e o ar que chega não está umidificado. Já o nariz tem uma mucosa muito irrigada, que umidifica o ar até que ele chegue na garganta. 

    Outra causa para rachaduras nos lábios e danos ao redor da região bucal está no pH da saliva, que é ácido. Ao “babar”, a pele entra em contato direto com essa acidez, piorando o problema.

    Excesso de saliva

    Como visto, a produção de saliva diminui durante à noite. Quando o contrário acontece — ou seja, a quantidade aumenta enquanto o indivíduo dorme —, ocorre a hiper salivação ou sialorreia. 

    Geralmente, a hiper salivação não é algo para se preocupar, mas pode ser sim indicativo de algo mais sério, que pode ser apneia do sono, alergias, infecções, dificuldade de deglutição devido a distúrbios neurológicos ou efeito colateral de medicamentos.

    Avatar de Cristina Leroy Silva

    Formada em letras pela UNICURITIBA, Cristina Leroy começou trabalhando na biblioteca da faculdade como uma das estagiárias sênior. Trabalhou como revisora numa grande editora em São Paulo, onde cuidava da parte de curadoria de obras que seriam traduzidas/escritas. A 4 Anos decidiu largar e se dedicar a escrever em seu blog e sites especializados.